GOMA
“Não há ciência sem imaginação nem arte sem fatos” – Vladimir Nabokov
Partindo do desenho, seja bidimensional ou tridimensional, a mente curiosa de Ana Freitas captura o invisível e as coisas sutis do mundo, ultrapassando a impossibilidade de expressar conceitos físicos como a matéria, a luz, o espaço ou o tempo.
Além da aparente oposição entre a subjetividade de uma prática artística e a objetividade dos fatos científicos, a artista materializa conceitos outrora abstratos em composições permeadas por elementos oriundos da natureza, da geometria, da matemática ou da topologia, desvelando a trama do mundo e puxando os fios do seu arranjo para nos oferecer um recorte do nosso inconsciente coletivo.
Adensado na matéria, ora suspenso, ora circular ou ainda cortado, o tempo está no cerne da produção da artista que o desenvolve em esculturas minimalistas e tácteis que remetem ao infinito ou a uma ideia de origem e portanto à vida como fluxo contínuo.
Desdobrando o conceito em obras abstratas, tais como a série de fotogramas realizados em diálogo com o físico Mario Novello, o tempo, junto com a luz; viram ferramentas de desenho, para traduzir imagens mentais do espaço-tempo ou ainda brincam com a nossa percepção em uma série de desenhos desfocados e pulsantes que aparecem e desaparecem em função do ângulo da luz.
Ao lado da luz e do tempo, a transparência, a matéria e a cor são elementos recorrentes na obra da artista, que brinca com a noção clássica de composição na pintura, através de conjuntos de chapas de plástico lixadas, nas quais a tinta é colocada e retirada: são campos de cor translúcidos que se sobrepõem de um lado e do outro do suporte (sem se misturar fisicamente, mas oticamente) e desnorteiam a apreensão da ideia de frente e verso.
De forma cíclica, assim como o tempo, a ciência dá voltas na obra de Ana Freitas em um conjunto intuitivo e coeso que convida a ultrapassar os limites da nossa cognição, com imagens e formas que se deixam adivinhar e nunca nos são impostas, como relâmpagos ou sonhos que esvanecem assim que acordamos.
Julie Dumont / The Bridge Project
Ana Freitas, artista visual, vive e trabalha no Rio de Janeiro
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“There is no science without fancy, and no art without facts” – Vladimir Nabokov
Using the drawing (two- or three-dimensional) as a starting point, Ana’s curious mind captures the invisible and the subtle things of the world, in her way to overcome the impossibility of expressing physical concepts such as matter, light, space or time.
In addition to the apparent opposition between the subjectivity of an artistic practice and the objectivity of scientific facts, the artist materializes concepts that were once abstract in compositions permeated by elements from nature, geometry, mathematics or topology, unveiling the hidden fabric of the world and pulling threads of its arrangement to offer us a snip of our collective unconscious.
Densed in matter, supended, circular or even cut, time is at the core of the artist’s production. She develops it as minimalist and tactile sculptures that refer to the infinite or to an idea of origin and therefore to life as a continuous flow.
Unfolding the concept in abstract works, such as the photogram series made in dialogue with physicist Mario Novello, time together with light, become drawing tools to translate mental images of space-time, or even play with our perception in a series of blurred and pulsating drawings that appear and disappear depending on the angle of the light.
Alongside light and time, transparency, matter and color are recurrent elements in the artist's work, which plays with the classic notion of composition in painting, through sets of sanded plastic sheets, in which the paint is placed and also removed: they are translucent colored fields that overlap on one side and the other of the support (without mixing physically, but optically) and disorient the apprehension of the idea of front and back.
Cyclically, just like time, science takes turns in Ana Freitas's work in an intuitive and cohesive set that invites us to surpass the limits of our cognition, with images and objects that can be guessed and are never imposed on us, like lightnings or dreams that fade as soon as we wake up.
Julie Dumont / The Bridge Project
Ana Freitas, visual artist, lives and works in Rio de Janeiro
Foto: Joaquim Paiva
Portfólio
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